Você conhece a lobeira?
06.10.18
Só vai conhecer este fruto quem for bom conhecedor do Cerrado!
Uma super dica pra ajudar: ele compõe praticamente a metade da dieta do lobo-guará, que mostramos há uns posts atrás.
Aí fica fácil, né? Fruto do Lobo, ou Lobeira.
E, sim, seu nome é uma menção direta ao lobo-guará, dada sua vital importância na dieta deste animal.
Aliás, compreender a relação incrivelmente simbiótica desta planta com o lobo é vislumbrar a magia do Cerrado. Olha só:
A lobeira é uma árvore baixinha, cinco metros no máximo, e é considerada uma espécie pioneira, daquelas bem resistentes e primeiras a surgir em uma área degradada, com solos erodidos e ácidos.
O lobo come os frutos, que além de nutri-lo eliminam vermes, em especial um bem frequente que ataca seus rins e pode ser fatal. Ele costuma defecar bem em cima de cupinzeiros para demarcar seu território. Cupins e formigas agradecem a iguaria e carregam as sementes ali presentes para o fundo de seus túneis, de onde brotam e crescem fortes. Em pouco tempo, a lobeira começa a atrair outras espécies de animais, que por sua vez trazem mais sementes que germinam e crescem protegidas pela arvorezinha e, assim, aos poucos a paisagem vai se transformando.
O fruto, apesar de exalar um cheiro doce delicioso quando maduro, é um tanto impalatável.
Tem gente aqui no Cerrado que faz geléia ou doces com ele. A gente prefere deixar para o lobo!
Quando visitar o Cerrado, você vai ver que esta planta é onipresente, em especial em áreas degradadas como beiras de estradas. Infelizmente, assim como o próprio lobo, está sumindo à medida que avançam os monocultivos de soja, cereais e a pecuária na região.
Quer proteger a lobeira e seu lobo?
Diminua o consumo de produtos que estão fazendo o Cerrado desaparecer (carne e rações para pets feitas à base de soja e milho).
Cá pra nós, é muito legal a gente ter um lobo frugívero, né não? Que nos sirva de inspiração!
Bom sábado!
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Torrando Castanha de Baru
04.10.18
Sabe aquela sensação de quando você está diante de um verdadeiro tesouro? É isso que sentimos pela castanha de baru.
Primeiro, a castanha de baru é colhida por pequenos produtores extrativistas da Chapada dos Veadeiros.
Eles andam vários quilômetros Cerrado adentro colhendo os frutos maduros caídos no chão.
Depois, o fruto, que tem uma concha dura de quebrar os dentes, é quebrado um por um.
Lá dentro, a jóia do Cerrado.
Com gosto semelhante ao amendoim, o baru é rico em ômega 6 e 9, minerais como ferro, zinco, fósforo, cálcio e magnésio além de ter aminoácidos essenciais e alto teor de proteínas: 29,6%, mais que a castanha-do-pará e de caju.
E em nossa fábrica, segue a magia: torrefação e a moagem lenta e em baixas temperaturas em nossos moinhos de pedra.
A gente sabe o valor do alimento que a gente produz e como ele beneficia não só nossa saúde e criatividade culinária, mas também ajuda a manter o Cerrado de pé contribuindo com diversos produtores extrativistas.
E nós também temos a jóia da Bioporã: nosso Mindu Baru feito apenas de amendoim e castanha de baru.
Já falamos antes da castanha de baru por aqui!
Alimento de verdade, feito por pessoas de verdade!
Delicie-se!
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Escolhas e conquistas: a nova sede da Bioporã
26.09.18
Assim como na vida, empreender é uma sequência diária e interminável de escolhas que, ao longo do tempo, vão formando o conjunto da nossa obra.
No início de 2015, pouco mais de um ano após lançar a Bioporã no mercado e inaugurar o segmento de manteigas veganas artesanais no Brasil, decidimos iniciar a maratona da construção da sede própria. Eu e minha sócia, Lívia, estávamos decididos a criar raízes em Alto Paraíso de Goiás, município que é porta de entrada ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, a 270km de Brasília.
Havia duas motivações principais para se decidir pela construção de uma sede própria. Primeiro, todos os poucos imóveis disponíveis para locação e com alguma chance de alojar nossa operação na cidade exigiriam investimento substancial para adequação sanitária e de fluxograma. Segundo, estávamos super tentados a ter uma sede própria – e quem não ficaria, ainda mais com o negócio bombando a ponto da oferta não cobrir a demanda?
Decidimos construir! Lívia não tinha nenhuma experiência ou gosto por construção civil. Já eu havia cursado 2o grau técnico em edificações e acompanhando diversas obras do meu pai, que já está em seu quarto condomínio. Foi natural que assumisse a frente do projeto.
Então, no início de 2015, já com dois lotes adquiridos no bairro industrial de Alto Paraíso, contratei uma arquiteta com boa experiência em plantas industriais e iniciamos a fase de projeto. Jamais considerei erguer um só tijolo sem ter uma planta aprovada pelos órgãos responsáveis por sua fiscalização em mãos (no caso, a Superintendência de Vigilância Sanitária – SUVISA e a Secretaria de Meio Ambiente de Goiás, o Corpo de Bombeiros e a Secretaria de Obras do município). É muito comum ver empresários ignorando esta etapa e enfrentando dificuldades em adequar suas sedes. Como se diz, muito mais fácil ajustar um projeto no papel do que já executado.
Em janeiro de 2016, depois de um interminável ping-pong com a arquiteta, diversos estudos de fluxograma, visitas a outras fábricas e quatro apresentações na SUVISA em Goiânia, tinha um projeto aprovado em mãos, a primeira conquista!
Em março, começamos a obra de fato. Limpeza do terreno, terraplanagem, sondagem do solo, projeto de fundação, projeto estrutural, perfuração e concretagem de estacas etc etc etc. Usei diversos sistemas construtivos: estrutura pré-fabricada, paredes de alvenaria, placas isotérmicas, blocos de gesso, piso em uretano… Fazia minha estréia à frente de uma obra já com uma fábrica. Se um dia tiver condições de construir minha casa, vou fazer com um braço amarrado às costas e comendo Bioporã de dedo.
Legal compartilhar também que decidimos iniciar a obra mesmo sabendo que não tínhamos, na época, recursos financeiros suficientes para acabá-la. Foram três pausas na construção acionadas pela conta bancária zerada. Corri atrás de pai, mãe, irmã, bancos, consultores, programas de crédito, vendi dois carros e até joguei na Mega Sena. O que a gente faz quando realmente acredita em algo é algo incrível. Ah! E ainda nasceu minha caçula no meio de tudo, minha mãe sofreu um AVC bem grave, o Temer assumiu a presidência e agora o Bolsonaro lidera as pesquisas para presidente. Respira, respira, respira.
Agosto de 2018, vinte e nove meses após o início da obra, mudamos para a nova sede. Eu estava me sentindo no 15o round de uma luta contra um adversário três pesos acima. Mas quando ouço um “parabéns!” dos que lá chegam para visitar e conhecer, lembro que trata-se mesmo de uma grande conquista.
E escolhas que culminam em grandes conquistas como esta nos dão uma satisfação duradoura e a forte sensação de que estamos, de fato, trilhando nossos caminhos.
Quando estiver na Chapada, venha nos fazer uma visita!
Thiago Césare, sócio-guardião
Colher de Pau Festival
21.09.18
Neste final de semana, dias 22 e 23 de setembro, acontece o Colher de Pau Festival no Parque da Água Branca, São Paulo. E nós estaremos por lá.
O festival surgiu através do #selocolherdepau que tem como principal objetivo abordar o tema da alimentação saudável.
Fabiolla Duarte, criadora do movimento, busca fomentar e fortalecer uma rede de consumo responsável, além de orientar famílias brasileiras em suas caminhadas de construção de suas relações por meio da comida.
O #selocolherdepau segue os seguintes critérios:
- Não consumir açúcar branco, sal refinado e itens transgênicos;
- Importância de embalagens ecológicas em produtos comprados;
- Valorizar o fair trade nas cadeias de produção dos produtos comprados;
- Apoiar o empreendedorismo familiar;
- Valorizar alimentos de época tanto quanto alimentos orgânicos;
- Criar uma nova economia onde se compra de quem faz.
Estamos super ansiosos para este encontro, que vai ser cheio de aprendizados, trocas de experiências e sabores.
Para quem não puder ir ao evento, vamos cobrir os melhores momentos em nosso IG.
Nos vemos lá, com todas as nossas delícias para venda e degustação!
Ah! O festival conta ainda com cosméticos veganos, slow fashion, decoração, acessórios, muita cultura, educação e sustentabilidade!
Baru e Jatobá
20.09.18
Você conhece a castanha de Baru?
Provavelmente, a maior parte dos brasileiros não. E se você é daqueles que já viu e experimentou a castanha, quase com certeza nunca viu o fruto nem a árvore do baru. Pois não se acha uma plantação de baru. Ele está espalhado pelo Cerrado e colhê-lo é sinônimo de fazer muita trilha.
Dona Maria do Cerrado, pioneira no extrativismo do baru aqui na Chapada dos Veadeiros, nos conta que há alguns anos ninguém ligava para o baru, que só mantinham as árvores de pé para servir de sombra e comida para o gado (que adora os frutos!).
Daí, descobriram o baru e hoje não dá mais para contar quantos produtores extrativistas saem em busca do baru no meio do Cerrado. E dá para afirmar: praticamente 100% do baru disponível no mercado é oriundo de extrativismo realizado por pequenos produtores, quilombolas e indígenas aqui no Cerrado.
Consumir baru é uma forma de apoiar estes grupos minoritários e também manter o Cerrado em pé.
Com gosto semelhante ao amendoim, o baru é rico em ômega 6 e 9, minerais como ferro, zinco, fósforo, cálcio e magnésio além de ter aminoácidos essenciais e alto teor de proteínas: 29,6%, mais que a castanha-do-pará e de caju.
A gente valoriza esta castanha e o trabalho daqueles que disponibilizam ela para nós.
E, claro! Tínhamos que ter um sabor com esta iguaria única: Mindu Baru Bioporã.
Nossa manteiga de amendoim, baru e mais nada. Ou melhor, todo o sabor e vitalidade desta jóia do Cerrado!
E a farinha de Jatobá? Você já ouviu falar?
Árvore da família das leguminosas e comum em quase todas as diferentes paisagens do Cerrado, ela produz uma vagem escura do tamanho do seu celular, de casca bem dura.
Quebre a casca e você vai encontrar uma polpa seca espessa envolvendo suas sementes graúdas, esfarelenta, amarela-esverdeada, com um aroma que só quem já cheirou conhece.
Passe essa polpa em uma peneira e você tem em mãos uma farinha integral incrivelmente saborosa, versátil e nutritiva: possui mais Potássio do que banana e mais Cálcio do que leites de origem animal! Além de ser uma excelente fonte de vitamina C e minerais, como: ferro, fósforo e magnésio.
É simplesmente incrível: uma farinha que sai do fruto pronta para consumo, que dispensa qualquer beneficiamento para ser saboreada, e que dá numa árvore natural de nosso País!
Principais benefícios do jatobá: fortalece o sistema imunológico, ajuda a manter os ossos saudáveis, combate os radicais livres, regula a pressão arterial, auxilia no bom desempenho das funções cerebrais além de ser um grande e potencial energético natural.
Longe de sugerir a substituição de farinhas de cereais como trigo, aveia e arroz pela farinha de jatobá. Mas é algo que nos faz pensar: por que as prateleiras dos mercados estão abarrotadas de farinhas (ou produtos feitos com elas) oriundas de gramíneas de ciclo de vida curtíssimo, produzidas em monocultivos, originárias de outros continentes e altamente processadas enquanto uma única árvore de jatobá pode produzir toneladas de farinha ao longo de sua vida, e dentro de uma floresta?
Qualquer resposta mais sensata à questão deve reconhecer a nossa falta de conhecimento sobre as riquezas naturais de nossa terra, aqui em especial do Cerrado.
E vale lembrar que a taxa de desmatamento médio anual do Cerrado de 5% informada pelo Ministério do Meio Ambiente, logo logo vai ser ainda mais difícil conhecer o jatobá.
Compre de quem faz e apoie o pequeno produtor local!
Salve o Cerrado!
Tabelas Nutricionais:
Semana do Cerrado
12.09.18
Hoje é dia do Cerrado Brasileiro, bioma do qual a Bioporã tem orgulho de chamar de casa!
Com seus mais de 2 milhões de km², é o segundo maior bioma da América do Sul e lar de mais de 2 mil espécies animais, 11 mil espécies de plantas, incluindo nosso querido baruzeiro, muitas populações indígenas, quilombolas, ribeirinhos, conhecimento e cultura!
Não por acaso, nosso Cerrado detém o título de savana mais rica em biodiversidade do mundo. Super orgulho!
Infelizmente, nem tudo são flores de barus, pequis e caliandras.
Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, a taxa média de desmatamento do Cerrado chega a ser o dobro da observada na Amazônia e já temos mais de 50% de sua área original suprimida, sendo a pecuária a maior responsável.
Cadê o cerrado que tava aqui? O boi comeu. E quem comeu o boi?
Hoje, o desmatamento tornou o Cerrado uma das principais regiões emissoras de CO2 no país e, aliada à agropecuária, o que estamos testemunhando é o surgimento de um grande deserto em seu lugar, com baixa biodiversidade e solos cada vez mais incapazes de reter água e nutrientes.
Porém as queimadas também podem ser iniciadas de forma natural devido ao acúmulo de biomassa seca, palhas, baixa umidade e alta temperatura. Esta junção de fatores criam o cenário perfeito para tal.
O cerrado tem seu incrível poder de recuperação e consegue rebrotar em um curto espaço de tempo. Porém sua rápida regeneração é consequente de queimadas naturais e não aquelas ocasionadas pelo homem. Estas últimas têm como consequência a degradação do ambiente, esgotamento das terras, erosão e perda da biodiversidade do cerrado.
Lembra do que aconteceu ano passado?
O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros sofreu o pior incêndio registrado de toda sua história.
Segundo o ICMBio, uma área de 65 mil hectares foi afetada, 26% da área total do Parque atualmente.
A gente contou aqui: https://biopora.com/acoes/1-por-cento-para-o-cerrado/
Mas somos otimistas e acreditamos que podemos mudar esta realidade!
Com a SEMANA DO CERRADO BIOPORÃ, queremos promover consciência sobre as riquezas deste bioma e maneiras que cada um de nós temos à disposição para protegê-lo.
Além disso, de hoje até domingo – 11/09 a 16/09 – 5% de nossas vendas aqui no site serão revertidas para iniciativas de proteção e uso sustentável do Cerrado.
Outra forma que podemos, juntos, contribuir para fazer a diferença! Vamos nessa?